Durante o presente ano letivo alunos da Serafim leite, do Clube dos Jovens Repórteres, têm estado envolvidos na realização de reportagens e outros textos jornalísticos, sendo os mesmos publicados na plataforma nacional - «Jovens Repórteres do Ambiente».
Divulgamos aqui duas das grandes reportagens submetidas ao concurso nacional "Melhores Reportagens 2024"!
Mais poluição nas praias? Não, por favor!
Atualmente, várias regiões do mundo são afetadas por um problema ambiental: a poluição nas praias. Resíduos sólidos, esgotos e poluentes orgânicos provenientes de produtos químicos são algumas das principais fontes de contaminação que afetam, negativamente, a saúde dos ecossistemas marinhos, bem como a das comunidades que dependem dessas áreas, necessitando de viver com qualidade, ao contrário do que sucede, neste momento, à escala mundial.
Em 2022, tiveram lugar 55 campanhas de monitorização do lixo marinho, em 14 praias de Portugal Continental, destacando-se, no caso do distrito de Aveiro, no qual se situa o nosso Agrupamento, as praias da Barra (Ílhavo) e Furadouro Sul (Ovar). Os resultados destas campanhas permitem-nos ter uma ideia da situação atual destes locais, tal como a percentagem dos tipos de resíduos depositados, a saber: 88% plástico; 6% artigos sanitários; 1,8% papel ou cartão; 1,3% metal; 0,6% vestuário; 0,6% madeira; 0,5% artigos médicos; 0,4% barro e cerâmica; 0,3% vidro; 0,2% borracha.
Partindo de todas estas estatísticas e conscientes das maleitas visíveis nas zonas costeiras, o Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite contribui, deveras, para que os jovens tenham uma perceção do impacto que as suas ações podem originar no ambiente. Assim sendo, nos dias 6 e 8 de maio, os 8.º anos, durante o período da manhã, contando com a parceria da Câmara Municipal de S. João da Madeira, levaram a cabo uma ação de limpeza numa praia situada no litoral norte do Torrão do Lameiro, em Ovar. Se, na manhã do dia 6 de maio, os alunos conseguiram recolher 100 kg de resíduos, essencialmente plástico, na mesma porção de litoral, o grupo do dia 8 de maio recolheu 75 kg. Durante a maré cheia da noite anterior, de cada uma destas manhãs de trabalho, o mar deixou na praia lixo que, antes, se encontrava nas águas do Oceano Atlântico. Infelizmente, se muito deste lixo é proveniente da atividade pesqueira, outra parte provém das ações realizadas a grande distância do mar.
Após o almoço, as turmas envolvidas tiveram, ainda, a oportunidade, de efetuar um dos percursos da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, criada em 1979, de forma a conhecer uma das áreas protegidas do nosso país e a sua importância na preservação dos ecossistemas costeiros, dado que, devido à sua constituição arenosa, constituem uma excelente defesa contra a intensidade dos ventos, das areias e dos avanços do mar e, consequentemente, uma forma de conservação do património geomorfológico, florístico e faunístico das dunas.
Além disso, a biodiversidade da reserva encontra-se ameaçada por invasoras, uma das principais ameaças à biodiversidade ao nível global (a 5.ª ameaça, de acordo com a Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas), como é o caso do chorão da praia (Carpobrotus edulis) e da acácia de espigas (Acacia longifolia).
Ainda neste âmbito, durante o mês de maio, os alunos do nosso Agrupamento saíram à rua, continuando a sua nobre missão: tornar o país mais limpo. Posto isto, a comunidade educativa do AESL provou, mais uma vez, que é constituída por cidadãos de AÇÃO e, por isso, vários grupos de alunos, juntamente com os respetivos professores, empreenderam mais momentos de recolha de lixo, no recinto escolar, nas imediações das escolas e na praia, no âmbito da 4.ª edição do Plogging Challenge Portugal, em parceria com os projetos Ubuntu, Living Peace e Eco-Escolas.
Cuidar do nosso planeta é, sem dúvida, a nossa motivação e estas ações são uma mais-valia para todos. Urge tomar medidas rápidas e constantes, a fim de combatermos o problema da poluição nas praias.
As campanhas de limpeza mostraram e mostram que cada ação importa e que a consciência ambiental se inicia em cada sala de aula, sendo fundamental mantermos o compromisso de educar e motivar as próximas gerações. Qualquer ação, por menor que seja, é importante para o desenvolvimento de um ambiente mais limpo e saudável.
Desta forma, podemos imaginar um mundo no qual as praias se transformem em refúgios de vida e beleza, ao invés de apenas depósitos de lixo. A responsabilidade é compartilhada por todos nós e, unidos, poderemos, com certeza, assegurar que as futuras gerações vivam num planeta mais sustentável e próspero.
Quem és tu, Charco Pedagógico?
Era uma vez uma sementinha carregada de ideias que foi crescendo, com o intuito de alargar a Rede de Clubes de Ciência Viva do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite e que, a passos largos, tem vindo a desenvolver-se, em estreita colaboração com os diversos parceiros educativos, na Escola Básica do Parque.
1, 2, 3 – Inauguração
A inauguração do Charco Pedagógico levou a comunidade serafina a festejar, no final do ano letivo transato, esta nova iniciativa que nos reenvia para o mundo da biodiversidade. A cerimónia contou com a presença especial dos coordenadores, Marisela Oliveira e Pedro Gual, do Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, da Coordenadora da Ajudaris, da Diretora do Agrupamento, dos Encarregados de Educação e da restante «gente da casa». Além disso, não faltou a mascote do projeto, o «Verdolas».
Desde o arranque do projeto, o 3.ºA, atual 4.ºA, empenhou-se na construção e no desenvolvimento deste projeto que abraçou com carinho e muita curiosidade, reconhecendo, desde sempre, que, através do uso razoável dos recursos da Terra e preservando as espécies e os habitats naturais, é possível um desenvolvimento sustentável. Contagiar os alunos a disseminar a ciência, entender uma forma de vida sustentável e ser um agente ativo na sustentabilidade do planeta foram (e são) os retornos desejados com esta iniciativa.
Os novos habitantes do Charco Pedagógico
Os anfíbios são considerados excelentes indicadores ambientais, pois são imensamente sensíveis à qualidade do meio ambiente, como a qualidade da água e do ar. São, igualmente, necessários para o equilíbrio da Natureza e, além de serem responsáveis pelo controlo de diferentes pragas, são, também, bioindicadores que revelam se o ambiente está em equilíbrio ecológico.
Por isso, foi com uma enorme satisfação que a comunidade educativa da Serafim Leite deu as boas-vindas ao primeiro anfíbio que nasceu no Charco Pedagógico, a rã «Castanholas». Por isso, todos passaram a estar bem atentos ao seu crescimento, apreciando a sua beleza e a sintonia afinada do seu coaxar, que bem se enquadram na paisagem idílica.
O Charco Pedagógico foi assistindo ao crescimento do número dos seus habitantes e, mais recentemente, a professora Odete Covelo fez uma extraordinária doação que encheu, sobremaneira, o coração, sobretudo, dos mais pequeninos: uma tartaruga que foi batizada com o nome «Serafina», em associação ao patrono do Agrupamento, o Dr. Serafim Leite.
Classificação das rochas do Charco Pedagógico
Os alunos do 4.ºA, inspirados por esta causa ambiental, assumiram, em todo este processo, o papel de cientistas e têm aprendido muito em colaboração com a Natureza. Por isso, num dos momentos, desafiaram as professoras Guida Pereira e Marisela Ribeiro a ajudá-los a descobrir e a classificar as rochas que limitam o Charco Pedagógico. Assim, com base numa chave dicotómica e na modalidade de trabalho de grupo, classificaram as rochas segundo a sua cor, textura, dureza, cheiro, composição química, forma dos grãos minerais e o modo como estes estavam dispostos.
A Terra é, de facto, um planeta dinâmico em constante transformação e evolução. As rochas não são eternas, alterando-se por ação do vento, da água, da temperatura, da gravidade e dos seres vivos. Já as rochas são agregados naturais de um ou mais minerais que surgem naturalmente e com características diversas. Assim, compreende-se que, por exemplo, se a bancada da cozinha for de calcário ou de mármore, devamos ter cuidados especiais ao espremer um limão, pois o seu sumo contém ácido cítrico que poderá corroer a bancada. Tudo isto estimulou o interesse dos pequenos cientistas, partindo para a ação e tendo descoberto que o charco possui imensas rochas, a saber: calcário, micas (moscovite e biotite), gnaisse e quartzito.
Análise do pH da água do Charco Pedagógico
No âmbito do Charco Pedagógico, foi realizada, igualmente, uma atividade interessante sobre o pH da água, contando com o apoio dos docentes Guida Pereira, Pedro Gual e Marisela Oliveira, na qual os alunos aprenderam que as substâncias são classificadas de acordo com as suas propriedades, sendo que uma das possíveis classificações passa por agrupar as substâncias em ácidas, básicas ou neutras.
Assim, com folhinhas de couve roxa, água quente e papel de filtro, os alunos elaboraram um indicador de pH caseiro que ajudou, com um medidor de pH de tiras e um digital, a comparar diversas substâncias e diferentes líquidos, como o detergente da roupa, a água do charco, o leite, o vinagre, entre outros.
Esta atividade, para além da aprendizagem que proporcionou, permitiu, igualmente, monitorizar a água do Charco Pedagógico. Assim, os alunos do 4.ºA descobriram que o seu pH, neste momento, se encontra em 6,8, ou seja, muito próximo do pH neutro, significando que está com as condições favoráveis ao desenvolvimento da biodiversidade.
Na verdade, são imensas as aventuras que o Charco Pedagógico tem proporcionado a todos que o visitam e, em maior escala, a todas as crianças que frequentam a Escola Básica do Parque, no AESL, para além de constituir um excelente espaço onde os alunos podem apreciar a Natureza ao vivo.
A verdade é só uma: numa cultura de ambiente colaborativo, motivacional e de proteção, no qual se privilegia o contacto com a Natureza, desenvolvem-se competências e conhecimentos que, no futuro, contribuirão para uma progressão social, económica, cientifica e de realização humana e cultural. É caso para concluir que estamos SEMPRE a aprender, seduzidos pela Natureza e pela Ciência e o Charco Pedagógico tem sido, na verdade, uma verdadeira Escola ao ar livre.